quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Os Teus Olhos

Hoje encontrei-me contigo convencida que iria despedir-me.
Como sempre, perdi-me nos teus olhos! São iguaizinhos a ti próprio, enigmáticos, brilhantes, sem cor definida… os salpicos dourados no verde dão lugar, em dias cinzentos, ao castanho pardo.
Tanto tempo, tantas carícias trocadas! conheço cada recanto do teu corpo mas continuo sem saber quem és!
E, enquanto não escuto o que tens para me dizer, olho-te nos olhos e desisto de desistir.


terça-feira, 9 de setembro de 2008

Oceano

Diariamente o escritor olhava o mar do terraço e observava a mulher que entrava água dentro vestida e sorridente. - É louca!-pensava. Depois, mergulhava nos seus escritos e na sucessão de dias iguais e monótonos sentindo o tempo escoar-se a conta gotas.
Num momento em que o tédio se tornou insuportável e a insatisfação o invadiu uma vez mais, caminhou até ao areal, olhou a imensidão azul e , quase instintivamente entrou no mar sem tirar roupas e sapatos.
O choque da água gelada acordou-o.
Descobriu então que jamais esqueceria aquele banho, diferente dos outros todos, em que não respeitara as convenções mas que o acordara.
Por magia percebeu que até aí se limitara a passar pela vida e a fazer o correcto, o certo... o que os outros esperavam dele. Serenamente, decidiu começar a viver e a sentir intensamente as coisas pequenas. Mergulharia nas águas revoltas uma e outra vez. E, quando lhe chamassem louco, saberia sorrir como só os loucos felizes o sabem fazer.