domingo, 26 de outubro de 2008

Tempo

Pedes mais tempo para nós e eu como resposta enumero compromissos e afazeres.
Acordo ainda é noite para, pouco depois, mergulhar no trânsito da grande cidade. Os dias passam à velocidade da luz entre papéis e telefonemas. E, quando volvidas quase doze horas regresso a casa, estou demasiado cansada para ser romântica, exausta o suficiente para adormecer no sofá enquanto no televisor passa o filme que planeáramos ver nessa noite.
Falta-me o tempo para saborear a casa nova, a tua companhia… as pequenas coisas. Espectadora da minha própria vida não me reconheço na líder da maratona que vai cortando uma e outra meta, tantas quantas as que se propõe atingir.
Que caminho hei-de seguir? Para onde? E já não sei se sou eu a escolher ou apenas me deixo ir para onde a sociedade me empurra. Sigo à deriva em direcção ao que esperam de mim e luto pelo que é suposto lutar.
Estou cansada dos sorrisos postiços, das conversas de circunstância e desta solidão partilhada em que se tornou o meu dia a dia. Mas não consigo libertar-me da teia que fui tecendo.
Hoje bateste com a porta da casa nova e nem sei se regressas... Sabes porque choro Amor? Na minha vida cronometrada esqueci-me de agendar tempo para viver...


sábado, 11 de outubro de 2008

Obrigada Frank!

Recebi do Frank Verlag "um chocolate" na forma de Prémio Dardos, o que agradeço.

Informações sobre o Prémio Dardos:
Com o Prêmio Dardos reconhecem-se os valores que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. que, em suma, demonstram a sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras e palavras.
Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web.
Quem recebe o “Prêmio Dardos” e o aceita deve seguir algumas regras:

1. - Exibir a distinta imagem;
2. - Linkar o blog pelo qual recebeu o prêmio;
3. - Escolher quinze (15) outros blogs a que entregar o Prêmio Dardos.”

Passo o Prémio Dardos aos seguintes Blogs:

Postscriptum
http://moi-postscriptum.blogspot.com/
Nihil est Tertium
http://nihil-est-tertium.blogspot.com/
No fim da Solidão! No princípio de tudo... até ao infinito
http://mysurvivor.blogs.iol.pt/
Poetry Café
http://poetrycafe.weblog.com.pt/
Tons de vermelho
http://tonsdevermelho.blogspot.com/
Sind mein licht
http://sind-mein-licht.blogspot.com/
Casa aberta
http://margaretedasilva.blogspot.com/
Escrevo enquanto chove lá fora
http://escrevoenquantochovelafora.blogspot.com/
O murmúrio das ondas
http://luisgrodrigues.blogspot.com/
Voas comigo?
http://www.voascomigo.blogspot.com/
Silenciosa inspiração
http://silenciosainspiracao.blogspot.com/
Uma janela aberta
http://olhaquecoisamaislinda.blogspot.com/
7 dias 7 noites na vida de uma borboleta
http://borboleta7dias7noites.blogspot.com/
O lado b da Lua
http://oladobdalua.blogspot.com/
Um lugar ao fundo
http://umlugaraofundo.blogspot.com/

A Conversa


Laura e João

Sei que continuaremos a adiar indefenidamente a nossa conversa. Como sempre, terás questões para resolver mais importantes do que planear e decidir o nosso futuro. Desde as doenças dos filhos, as verdadeiras e as inventadas, os problemas com a sogra, a infelicidade do cão e a necessidade de ires preparando a tua mulher para a separação, qualquer pretexto serve para ires adiando o que em consciência sabes que nunca irá acontecer.
O curioso João, é que tu acreditas mesmo nos pretextos que vais criando para que tudo continue comodamente igual!
Hoje enquanto estás nessa festa de família, que cuidadosamente escondeste de mim, no papel de anfitrião e marido perfeitos, não sei se te amo ou se te odeio...
Apaixonei-me pela ideia que o meu imaginário criou de ti quando te conheci. A imagem de um homem forte e decidido, capaz de lutar por um grande amor. Mas já percebi que não és forte e que afinal o teu amor não era assim tão grande. Também o casamento que descrevias como um inferno é seguramente uma situação suportável. Na realidade não sei quem és! Não sei no que devo acreditar de tudo o que me dizes...
Estranho mesmo é como nos fomos acomodando a esta vida de mentira e permitimos que o tempo passe sem que nada mude… continuaremos a trocar sms decalcados de poetas e escritores românticos, inventaremos sorrisos e palavras enfeitadas com promessas que não são para cumprir. Nada mudará!
E, enquanto o meu marido me abraça, sei que também eu continuarei a jogar “aos casamentos felizes”!

sábado, 4 de outubro de 2008

Sem Perdão

Espero o que não espero, nem sol, nem chuva. Apenas um vento gelado agita os dias que eu queria quentes. Onde estás? Por onde andas? Sol quente do meu Verão tardio, já Outono, com folhas caídas e dias cinzentos. Gosto de sentir as tuas carícias tépidas enquanto me enrolo em recordações e sonhos agora irrealizáveis.
Olhos de carvão, bonitos... Sim, ainda lembro os teus olhos negros humedecidos pelas lágrimas enquanto me miram e murmuras:"- Não me despeço! Não me vou despedir! Não te vou beijar aqui ou não poderei partir."
E vejo-te a ir, na escada rolante do Colombo. Partes uma e outra vez, tantas quantas aquela cena me vem à memória. E eu fico parada, continuo parada. Não corri para ti. Deixei-te ir, a ti e à mala que trazias na bagageira, preparado para ficares comigo.Tive medo!Perdi-te quando te deixei ir.
Desde então senti que te afastavas, aos poucos porque doía, e íamos ficando cada vez mais distantes. Como se as centenas de quilómetros que nos separavam se fossem transformando em milhares.Durante muito tempo nada fazia sentido. Sem ti não vi o sol nem a lua. Recusei o mar, os sorrisos e a alegria. Sem ti procurava, procurava-te, mas já não estavas… Aquela escada rolante levou-te de mim para longe e eu empurrei-te. Mesmo quando senti que fugias, mesmo quando não encontrava sentido para os meus dias, mesmo quando a dor da saudade me sufocava. Empurrava-te de mim, com medo do futuro que eu queria perfeito.
Mas o meu futuro, agora presente, não é perfeito, e não vivi o meu presente já passado. E hoje, vivo aos solavancos, na procura de um sentir igual que não encontro, que não existe. Não te tenho! Infelizes ambos, sem o futuro perfeito pela frente.E sufoco a culpa, a minha culpa, porque deixei partir numa escada rolante a única pessoa com quem partilhei a alma.