quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

2009


"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano
se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui para adiante vai ser diferente...
Para você,
Desejo o sonho realizado.
O amor esperado.
A esperança renovada.
Para você,
Desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir.
Todas as músicas que puder emocionar.
Para você neste novo ano,
Desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
Que sua família esteja mais unida,
Que sua vida seja mais bem vivida.
Gostaria de lhe desejar tantas coisas.
Mas nada seria suficiente...
Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto,
ao rumo da sua FELICIDADE!!! "
Carlos Drummond de Andrade


Desejo a todos os que espreitam este blog um FELIZ 2009.
CrisTina

domingo, 14 de dezembro de 2008

Amores

O nosso amor começou por ser um amor verdadeiro sem conta, peso e medida. Sem princípio nem fim. Um desses amores em que fechas os olhos e te sentes no céu, porque pensas que é o tal que te vai acompanhar até ao fim da vida.
Estranhamente por esse amor vivi no purgatório sem entender porque me provocava angústia, dor e sofrimento. Sem perceber porque magoava obrigando-me a criar defesas contra ele.
Percebi agora que o nosso amor se transformou num amor sem planos, daqueles que, por não terem planos, têm como destino inevitável a morte prematura. Compreendi que toda a minha angústia se traduzia no sentir o luto de uma relação e chorava antecipadamente a tua perda tendo-te ainda. E chorei, chorei por nós!
Nos amores verdadeiros temos a sensação, que até pode ser ilusória, de que não vão terminar nunca e de que somos o centro do mundo da outra pessoa. Nos amores sem planos tens a noção de que os sentimentos são finitos.
Cansada desisti de lutar por mais tempo na tua vida, recusei encaixar-me no espaço diminuto que me ofereces. Afinal, o teu amor foi sempre um amor sem planos que traduzias em palavras como se de amor verdadeiro se tratasse.
Mas não é fácil meu querido… É certo que estamos sempre a tempo de aprender a amar com a cabeça e a sufocar o coração. Mas eu não gosto de sentir assim e se aceitei fazê-lo foi porque o amor verdadeiro, aquele do início, era forte e não quis morrer, preferiu transformar-se. Era um amor tão grande que sufocava no espaço reduzido a que o confinaste na tua vida.
É por isso meu querido que continuo a amar-te, não da forma que eu quero mas da única maneira que me deixas fazê-lo.
Não posso porém deixar de sentir um misto de raiva e revolta pela passividade e inércia com que me deixas ir.
E um dia, mesmo sem querer, eu vou ter partir…

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Mulher

Depois de semanas em silêncio, telefonas para dizeres que precisamos de conversar. Espero ouvir finalmente a tua voz murmurar perdão.
Recebes-me com morangos e Moet & Chandon. Apertas-me contra ti, enquanto os teus lábios procuram os meus com a urgência de quem quer recuperar os beijos que ficaram por dar. Sinto as tuas mãos percorrerem o meu corpo e, já sem forças para rasgar a teia em que me envolves, deixo-te levar-me. Em silêncio, arrancas-me a roupa e entras em mim como se o fizesses pela primeira vez. Sem dizeres desculpa-me, morremos afogados num mar de sensações.
Tu, pensas que acabaste de apagar, com uma borracha, todos os erros que julgas ter escrito com lápis de carvão. Eu, finjo que perdi a chave da gaveta da memória onde tranquei as tuas palavras tatuadas com tinta da china.
Torno-me cúmplice do teu silêncio quando visto o meu rosto com um sorriso postiço. Mas não, não te perdoei… Tens de dizer a palavra perdão. Eu sou mulher!